Algodão orgânico

É cultivado sem o uso de pesticidas, fertilizantes químicos e reguladores do crescimento, para ser 100% orgânico, como são classificadas as plantas nascidas de sementes não geneticamente modificadas. De acordo com um estudo da ONG americana Organic Exchange, o faturamento mundial desses produtos saltou de 245 milhões de dólares para 1 bilhão de dólares entre 2001 e 2005. A previsão até 2008 era que esse número triplicasse.
Durante alguns anos, esse algodão ficou restrito à etiqueta de “etiquetas sociais”, como foi o caso da Edun, do cantor do grupo U2. Eles fabricavam camisetas orgânicas feitas por famílias pobres da África.
A idéia foi encampada por grandes empresas, como a Nike. Em 2002, nasce a Nike Organics, com o objetivo de desenvolver produtos com a matéria-prima ecologicamente correta. O selo já possui quase uma centena de produtos, como Armani e Timberland. A Levi's, que lançou a linha de jeans 100% "verde", batizada de Levi's Eco. No Brasil, a confecção Coexis, de São Paulo, está produzindo o primeiro índigo nacional feito com algodão orgânico. Um dos clientes é a grife carioca Osklen.
O algodão orgânico, no processo de tingimento deve usar pigmentos naturais. Há também o algodão que já nasce colorido, nos tons marrom, vermelho e verde, uma outra saída para diminuir os estragos causados pelo tingimento químico. Desenvolvido pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a nova espécie é produzida por cooperativas que valorizam a agricultura familiar e o artesanato local. Mas só é produzido na Paraíba.

Nem tudo são flores, pode faltar matéria-prima no mercado. Atualmente, o algodão orgânico representa apenas 1% da produção global dessa commodity. A área de cultivo concentra-se na Turquia e na Índia. O Brasil, quinto maior produtor de algodão convencional no mundo, ainda não tem uma atuação significativa nesse nicho de mercado. Convencer mais agricultores a aderir ao negócio tem sido tarefa árdua. Sem o uso de agrotóxicos e de fertilizantes artificiais, o trabalho de cultivo é redobrado para evitar a incidência de pragas.
O algodão pode ser replantado e é, portanto, renovável mas ainda assim é inacreditávelmente intensivo no uso da água. Frequentemente essa água é desviada de comunidades.
Então temos o poliéster:
O poliéster requer menos água mas é mais intensivo em energia, precisando de madeira e petróleo para sua produção, portanto contribuindo com o aquecimento global vindo de gases de efeito estufa. Mas, o poliéster é 100% reciclável !! Em alguns países,como Japão, a reciclagem de tecidos é possível através de centros de reciclagem. Espera-se que isso seja repetido por outros países, até que talvez a reciclagem de nossas roupas de poliéster se torne tão comum quanto a reciclagem de papel e plásticos. Além disso, as fibras de poliéster estão agora começando a serem produzidas de material reciclados pós-consumo e pós-indústria.
Combinando todos esses fatores fica fácil perceber que não há um vencedor claro em termos ambientais. Além disso, o caminho de um tecido ecológico não termina quando ele é produzido. Para fazer uma avaliação significativa, o ciclo de vida do produto deve ser analisado. Para roupas isso pode incluir um baixo impacto de manutenção, já que o consumo de energia e água expandido para todo o tempo de vida do tecido precisa ser considerado.
O poliéster é mais resistente a manchas. Pode ser lavado em água fria e seca rápido. Já os tecidos de algodão gastam mais energia. Eles precisam ser lavados com mais freqüência já que resistem menos a manchas, frequentemente requerem água morna para removê-las e precisam ser centrifugados para secar num tempo comparável. Tecidos sintéticos como o poliéster não perdem a forma como os de algodão, tendo uma vida útil maior e, assim, reduzindo os impactos ambientais.


A natureza da roupa e a sazonalidade da moda fazem com que a indústria têxtil seja uma das principais contribuintes para o aquecimento global. A indústria precisa se tornar eco-consciente e todas as soluções devem ser acompanhadas de estratégias multi-facetadas. Até que industriais e produtores pesem os custos ambientais, produtos que causam menos danos custarão mais. Cabe a nós, consumidores, ditar as tendências. O desafio real não é trocar fibras naturais por sintéticas já que as pessoas usam as sintéticas por décadas. O desafio real é convencer o consumidor a pagar por uma roupa ecologicamente mais sustentável. Não é fácil, não é rápido, mas em algum momento vamos ter que começar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário